Maxine, toda colorida, durante muito tempo só queria voltar
pro céu... Voar muito alto e se deixar cair, dar rasantes, ver as cores que não
eram daquelas paredes, comer o que não era alpiste, encontrar um par que não
lhe fosse arranjado, escolher uma casa que não fossem aquelas grades. Ao lado
estavam também Pandora, Tibetano, Amaranta, Borboleta, e uns outros 20 pássaros
de nomes estranhos para pássaros. Seu Rodolfo os amava. Suas cores, seus
cantos, seus comportamentos tão peculiares para tão pouco tamanho.
Eis que seu Rodolfo começa a ter pesadelos. Estava preso,
amarrado, sem conseguir gritar, às vezes cego, mas sempre preso... Disseram que poderia ser pelos pássaros,
sabe? Mas poxa, gosto tanto deles... Mas aí, seu Rodolfo, é aquela coisa que
aquele escritor que não lembro o nome falou, pra gente amar e deixar livre,
porque se a gente for amado, a pessoa volta, ou nem vai embora, entende? Solte
os bichinhos Rodolfo, se eles te amam eles vão voltar...
Assim o fez. Um a um, um a cada, dia pra se acostumar. E a
cada dia perdia um deles, menos Maxine que continuou lá. Seu Rodolfo a mostrava
para as visitas, todo orgulhoso, veja, não é ingrata como os outros! Esta sim,
me ama... Olha como canta feliz!
Numa bela noite, Maxine decidiu que chegara a hora. Saiu de
sua gaiola em silêncio absoluto. Foi até a cama de seu Rodolfo e o olhou com
muita atenção. Pousou na gola daquele pijama horroroso e quando ele virou de
barriga para cima, Maxine voou até o canto do quarto e veio com toda sua força
em direção a jugular de seu Rodolfo, viu seu sangue jorrar, o viu olhando para
ela e cantou o mais bonito que pode até que ele parasse de respirar.
Um comentário:
Gostei, muito... Maxine... Lembrei do corvo, Jubileu, aquele que foi até o parque procurar a velhinha que comia pipocas com manteiga... "E o que foi que ela te deu?", lembra?
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