9 de junho de 2025

Quem me dera ao menos uma vez

 



Hoje eu acordei com uma vontade danada. Não de mandar flores ao delegado ou de bater na porta do vizinho e desejar bom dia, até pq estava fazendo 9º quando eu acordei, às seis da manhã.

Mas eu dizia que hoje acordei com uma vontade danada. De trocar essa vênus flamejante e passional em escorpião por uma vênus em sagitário novinha em folha. Quem sabe mais leve, mais solta, pronta para o rolê e dessas que querem mais é variar. 


Queria também, nesta vontade danada, pegar essa lua capricorniana e analítica e rancorosa e tão cautelosa e tão séria e tão contida e tão, tão observadora, por uma lua em áries. Sabe? Sair metendo o louco, dando o foda-se, tretando em cada esquina e sair jogando o topete.


Quem sabe trocar meu sol em virgem e meu ascendente em aquário, as duas únicas figuras humanas do zodíaco, justamente no meu mapa. As duas. Trocar as duas por um novo par, mais animalesco, mesmo que dócil, que mesmo com instintos apurados, dormem longas tardes, se espreguiçam, suspiram e tem aquele olhinho sempre doce, sabe? Daquele par de bichos que se refestelam ao sol, que não armazenam traumas, que se distraem e deixam o instinto primitivo de luta ou fuga pra bem depois.


Esse indeciso e lento marte em libra poderia ser substituído por um certeiro marte em touro, sabe? Aí, meu eu racional, talvez soubesse a diferença entre a teimosia e a persistência.


Talvez no fundo, bem no fundo, eu só queria outra coisa, sabe? Quem me dera nem querer mexer nas casas. Quem me dera ao menos uma vez nunca ter conhecido o grande laço, um passo pra uma armadilha.